Mudar a direção do vento, com a força do pensamento…
O vento soprou forte, levou longe a bituca do cigarro. Pensou acender outro, mas deslumbrou uma encenação que fazia quando criança: “fazer mudar a direção do vento com a força do pensamento”. Sempre dava certo e até ele mesmo se assustava, mais até que os garotos das vizinhanças. Era um quadro estranho aquele guri mirrado, olhos fechados, cabelos ao vento, os braços abertos, as mãos esticadas, depois os dedos iam se fechando lentamente até formar uma espécie de concha, se imaginava em outros lugares nunca antes visitados, diferentes entre si, sentia a brisa do vento, contava dez, doze, quinze segundos e abria os olhos e as mãos simultaneamente numa espécie de explosão. Bum! Dizia, e o vento imediatamente mudava de direção. Trecho do romance “O Santo de Cicatriz” de André Alvez. A história de amor ambientada em Aquidauana, tendo o Pantanal como cenário e personagens cativantes; Clara, Rita de Cássia, Colega, Miguel e São Damião, o personagem central, dotado de poderes espantosos que ele mesmo desconhece…